sexta-feira, 27 de maio de 2011

MULHER EQUILIBRISTA



REVISTA GRUPO CENE
Escritor por: Redação
Data: Maio/2011
Ser mãe, cuidar da casa, ser profissional e esposa. Para ser tudo isso é preciso ser também equilibrista...
Elas são independentes e ao mesmo tempo sensíveis, precisam de atenção especial... São extremamente ocupadas, mas sempre arrumam mais um tempinho, se for preciso. São “duras na queda’ mas quando são moles, transbordam amor e carinho. 
Não é difícil descobrir quem são elas. São mulheres e ao mesmo tempo mães, que se dividem em mil para dar conta de uma imensa lista diária, que nunca chega aofim. Vamos mostrar nesta reportagem como as mães equilibristas se viram no dia a dia. 
Izabela é mãe de primeira viagem, um exemplo de como a maternidade pode ser conciliada com a vida profissional, desde o começo. “Trabalhei até o dia do parto, e isso deixava as pessoas incomodadas. Ë muito engraçado ver como muita gente ainda confunde gravidez com doença. Tive uma gestação tranquila, contei com minha família e com uma ótima médica. Levei a vida normalmente. Mesmo depois do nascimento da Manuela consigo administrar muito bem, com a ajuda importante da avó e do maridão, que também é pai coruja’:  garante a jornalista Izabela de Paula. 
Cláudia Bassitt já é expert no assunto. Tem quatro filhos e sempre trabalhou fora. A empresária conta que equilibrar a rotina é como fechar um balanço diário.”É uma questão de organização. Sem pendências não há atrasos. Desde que as crianças nasceram eu procuro ensiná-las a viver na realidade de hoje. O primeiro foi o que mais deu trabalho para ensinar, depois os outros foram aprendendo mais facilmente porque queriam copiar o irmão mais velho’ comenta Cláudia.
A vida corrida e atribulada também faz parte do cotidiano de Neusa Martins, educadora física e empresária, dona de uma academia. Ela tem dois filhos, Rafael de 8 anos e Danton de4.  Ela narra o dia a dia: “Acordo as seis, preparo o café da manhã, depois deixo as crianças na escola, vou para a academia e ao meio dia busco os meninos. No período da tardefico em função deles: inglês, futebol, dentista, enfim aquela maratona, tudo paralelo ao meu trabalho’ conta.  Ela diz que o segredo para que tudo dê certo é a qualidade de vida. “Precisamos viver bem, de forma saudável, por isso, sou rigorosa com alimentação, sono, horários de tarefa. Acho que isso faz com que as crianças sejam mais fortes até mesmo para  aguentara rotina’

A hora certa... 
A psicóloga Gisele Lélis alerta:”A mulher precisa pensar muito antes de ser mãe. É necessário conciliar o trabalho com os cuidados que o bebê irá demandar. Se mãe e o pai estão conscientes das mudanças eles poderão vivenciar com mais intensidade momentos únicos junto ao filho”, explica.
 A questão é que há muito tempo a mulher só ficava em casa cuidando do marido, dos filhos e afazeres domésticos, mas hoje a maioria delas trabalha em tempo integral, cuida da casa, dos filhos, do marido, da vida social, enfim se desdobra, além disso, querem estar bonitas e jovens, e tudo isso com perfeição. Ou seja, tarefa humanamente impossível. “Elas se sentem culpadas, frustradas por não conseguirem administrar tudo como gostariam. Na verdade não há como realizar tantas coisas e conseguir perfeição em todas elas. Apesar da cobrança da mulher  em ser perfeita em tudo isso é algo inatingível, portanto procure se cobrar menos” aconselha Gisele. Refletir sobre os sentimentos provocados pelas decisões que tomam pode auxiliar nesse momento, rever atitudes e pensar se o sentimento de culpa é provocado por uma situação imaginária ou se realmente tem motivos para isso.

De mãe para mãe. Andando na corda bamba....
Cecília Russo é autora do livro: - “Vida de Equilibrista: dores e delícias da mãe que trabalha”.
Escreveu com base em sua própria experiênciade mãe que gerencia uma empresa, tem dois filhos adolecentes, e tenta equilibrar as múltiplas funções.
Batemos um papo com ela sobre o assunto.

Qual a mensagem do livro?
O livro foi uma forma de dividir com outras mães questionamentos, que eu sempe tive. Mostrando que as dúvidas, a culpa, as inseguranças são sentimentos comuns e que precisamos saber com lidar melhor com eles.
Mostro com clareza as dores e as delícias. Começando pelas dores, acho que a maior dor é a culpa. Temos uma culpa até mas do que deveríamos. Isso é que masi atormenta as mães. A mãe quando nasce parece que já vem com a culpa embutida. Temos culpa por trabalhar demais e não dar tanta atenção à família, temos culpa de nos dedicarmos menos ao trabalho, temos culpa se decidimos, mesmo que por um tempo, sermos “apenas” mãe culpas não faltam.
Mas as delícias de ser uma mãe que trabalha fora, uma mãe equilibrista, como eu, costumo dizer, são compensadoras. Para muitas mulheres, ser feliz plenamente é conseguir equilibrar todos os pratinhos, da forma mais saudável possível, sem abrir mão de nada.

Qual a dica você dá para essas mães que assim como você são equilibristas?
Acredito que devemos “baixar” um pouco nossa mania de perfeição. Queremos ser perfeitas demais, tirar nota 10 em tudo. Costumo dizer que se tirarmos 7,8, já está bom demais. Outra dica é observar os filhos, se eles estão tranquilos, indo bem na escola, com um bom convívio com os amigos, sua vida profissional pode serguir sem mudanças.
E ainda, tentar abrir um espaçõ semanal para a mãe curtir um pouvo a vida. É comum a mãe ficar o tempo todo “só” fazendo coisas, em casa, no trabalho, para a família, e se esquecer de que ela também precisa ser cuidada. Vale sim, mesmo que uma horinha por semana, para fazer algo para ela mesma.


terça-feira, 17 de maio de 2011

CARINHO ÍNTIMO



JORNAL DIÁRO DA REGIÃO
Escritor por: Gisele Bortoleto
Data: 13/03/2011

Entre quatro paredes, quando há amor e entrega mútua, é possível alcançar um alto grau de felicidade e prazer

Dizem os poetas que o amor é a realização mais completa entre todas as possibilidades do ser humano. É onde ele encontra a plenitude do seu ser, a única coisa que pode absorvê-lo inteiramente. O prazer que deriva da expressão do amor entre duas pessoas que se amam de verdade talvez seja o mais intenso entre os prazeres do corpo - e também o que mais as absorve.
Uma paixão sincera produz entusiasmo no homem  ou na mulher, que sai de si para se revelar por inteiro ao outro. Quando o prazer e o amor se unem em entrega mútua, é possível alcançar um alto grau de felicidade e prazer.
Por sua vez, o filósofo e teólogo espanhol Mikel Gotzon Santa maria diz que “quando se prima pela busca do simples prazer físico, esse prazer tende a converter-se emalgomomentâneo e fugidio, que deixa um rastro de insatisfação.” Isso porque a satisfação sexual é, na realidade, apenas uma parte, e talvez a menor, da alegria do envolvimento sexual de corpo e alma próprio da entrega total do amor entre duas pessoas que se amam.
A psicóloga e atriz Silvia Lux fala que o sexo descartável, hoje, é como uma droga. Ele não satisfaz e faz com que as pessoas fiquem sempre na busca, porque não é pleno, não preenche, é efêmero, e não existe um sentimento de entrega.
Quando existe amor associado ao prazer, o sexo é mais do que sexo, é uma plenitude, porque existe um sentimento. “Se uma pessoa vive um amor, mesmo após o fim do relacionamento, ela terá uma lembrança boa desse envolvimento sexual, porque ele foi um prazer por amor”, diz Silva. É como diz a música da Rita Lee: “Amor é um, sexo é dois”. Quando você encontra comessa outra pessoa, é umencontro real, uma coisa abençoada, um encontro com Deus, e existe uma plenitude, por isso, torna-se algo muito mais forte do que o sexo casual. O escritor, poeta e filósofo Suryavan Solar, instrutor de liderança e coaching, diz que entre amantes a energia sexual se expande e se torna sagrada quando os dois seres têm uma sintonia mútua e o sentimento é equitativo, porque, sem equilíbrio de uma das partes, ficase simplesmente no sexo e perde- se o sentimento profundo, não se alcança o sagrado. Se um dos dois não se “conecta” e fica no físico, não há expansão da consciência.
A psicóloga Gisele Lelis Vilela de Oliveira afirma que nas relações em que há amor e cumplicidade, as pessoas mostram-se mais disponíveis para demonstrar afeto e estão mais propensas à entrega na relação.
“Elas estão mais relaxadas e a confiança faz comque omomento do sexo seja algo mais prazeroso devido a esses fatores”, explica. A intimidade entre o casal é importante para o estabelecimento e o fortalecimento dos vínculos.



sexta-feira, 13 de maio de 2011

VIDA QUE SE SEGUE


JORNAL DIÁRO DA REGIÃO
Escritor por: Gisele Bortoleto
Data: 06/02/2011
 
Aprenda a lidar com a perda. Toda partida representa um recomeço... para ambos os lados
 
Juliana, uma adolescente de Brasília de 13 anos, está estudando em um colégio particular de Rio Preto e conquistou um grande número de amigos. Mas a passagem dela pela cidade está com os dias contados. Ela vai se mudar com a mãe, que ocupa um alto cargo em Brasília.
O clima já é de tristeza entre os colegas que se afeiçoaram a ela. Todos sabem que dentro de dois meses haverá a inevitável separação. A adolescente vai para a Capital da República, onde certamente será cercada de boas oportunidades e o colégio onde estuda atualmente também vai seguir sua rotina. Mesmo assim,  os amigos mais próximos já começam a ficar tristes.
O escritor e consultor Eugênio Mussak compara a escola a  um entreposto de emoções. No  colégio, encontramos amigos e professores, nos afeiçoamos e construímos um mundo muito seguro ao nosso redor. Aí, de repente, chega o final do ano e muda tudo. O foco passa a ser a sensação de vazio, de perda, de desamparo, de desassossego. Então começa um novo ciclo, conhecemos novas pessoas e esse ciclo se fecha novamente. 
Meninos e meninas, segundo ele, de certa forma estão se preparando para uma situação que irão enfrentar pelo resto da vida: encontros, afinidades, desencontros e separações.  Mas não podemos esquecer que cada um de nós tem um caminho a seguir e tem de fazer sua parte. A vida não para enquanto choramos as nossas perdas. 
Nossa vida é um conjunto de mudanças e nenhum de nós está  livre de sofrer com as perdas. Quantas vezes trabalhamos num lugar, nos apegamos à causa, ao ambiente, às pessoas, Somos colocados em contato com os outros e atraídos a eles por semelhanças, valores, afinidades, afetos e interesses. E, de uma hora para outra, somos afastados delas pelos destinos particulares. 
Todos nós já tivemos e ainda teremos Julianas em nossas vidas. Pessoas importantes mas que se foram, tiveram de seguir seus destinos. Fazer amigos, envolver-se com alguém e criar laços humanos no trabalho ou ter relações amorosas são riscos grandes em nossas vidas. Provavelmente, irão ocorrer separações e elas nos fazem sofrer.
O consultor lembra que é impossível alguma conquista sem termos ao mesmo tempo uma perda. Quando fazemos uma coisa, temos de renunciar à outra. 
Quando você escolhe alguma coisa - uma profissão, a pessoa com que vai compartilhar a vida, um prato no restaurante ou a roupa que vai vestir - pressupõem-se renúncias.
A dificuldade para lidar com tudo isso, na opinião de Mussak, faz parte do estado mental das pessoas porque em princípio não estamos preparados para as perdas. A sociedade ocidental moderna prepara os jovens para os ganhos, para as vitórias, para as conquistas, o sucesso na profissão, e não nos prepara para essas “perdas”. 
O sentimento da perda é uma constante em nossa vida. Estamos sempre tendo de nos afastar de alguma coisa e por isso temos a dificuldade de nos separar daqueles com quem criamos um elo de afeto. Porque temos a sensação de que o afeto será perdido quando na verdade ele apenas se distanciou. Temos de aprender com a existência deles e não com sua presença fisica, porque não poderemos estar ao seu lado sempre.
O budismo prega o desapego porque nada é definitivo, tudo é transitório. Você tem de se desapegar e esta é uma das partes dificeis da doutrina.
Para a psicóloga Gisele Lélis Vilela de Oliveira, o sentimento de perda vivenciado nessas situações resulta da relação afetiva que existia entre as pessoas, o grau de intimidade. “Na verdade, esse sentimento diz respeito ao modo como o relacionamento se deu, as atividades que fizeram juntos, a história que esse par estabeleceu durante o tempo de relacimento”, afirma.
Esse sentimento de perda, segundo ela, se dá devido aos momentos que as pessoas vivenciaram juntas, as experiências adquiridas, que não serão mais possiveis. Há uma perda social. Há uma necessidade impota pela vida de que se redesenhe os relacionamentos, reformatando assim a vida, em função das ausências. “ A lógica da vida é essa’, diz. Durante todo tempo, a vida vai assumindo novos desenhos em função da presença ou ausência de pessoas com as quais estabelecemos nossa convivência. O autoconhecimento é algo que pode ajudar muito, pois ele poderá oferecer suporte emocional e afetivo suficientes para enfrentar as perdas de modo geral, com isso a pessoa irá aprender a canalizar seu amor também para outras pessoas. A psicóloga cognitivo-comportamental Mara Lúcia Madureira afirma que sofremos com as separações porque temos a presunção de acreditar que não podemos passar por certos sofrimentos e que nossa vida deveria ser previsível. “São poucas as pessoas que permanecem na nosa vida. Fica apenas o aprendizado”, diz. Nada impede de vivenciarmos esses vínculos, apesar da distância. Lamentamos as separações, mas fazemos muito pouco para resgatar esses vínculos.
O sentimento de perda com as partidas vai existir em todas as fases da nossa vida. Para apsicóloga Silvana Parreira de Jesus, precisamos-ter em mente que nossa vida é um entra e sai constante de pessoas. Cada um tem um caminho para trilhar. “Cada um vai buscar um roteiro diferente”, diz. 
Essa tristeza quando nos desligamos de alguém é normal. E um processo de mudança. O tempo, segundo Silvana, acaba mostrando que essa mudança foi necessária. O importante é aprender a trabalhar esse sentimento dentro de você.  Para a terapeuta Silvia Lux, precisamos sempre dar abertura para construir novos relacionamentos, conhecer novas pessoas e aprender a lidar com esse momento porque nada é eterno. As separações fazem parte da vida.

ESCOLHA SUA PROFISSÃO

 
JORNAL DIÁRIO DA REGIÃO - Caderno de Vestibular
Escritor por: Jéssica Reis
Data: 16/01/2011
 
Os testes podem ajudar, mas devem ser feitos com acoinpaiiliamento profissional
A escolha da profissão não é uma tarefa fácil, principalmente nos dias de hoje em  que jovens, ainda adolescentes, que mal saíram do ensina médio precisam decidir qual caminho seguir.  A decisão implica em uma série de questões como, por exemplo, qual profissão proporcionará felicidade, qual oferece melhores oportunidades no mercado de trabalho e retorno financeiro, quais são as carreiras do futuro, entre outros questionamentos que podem confundir o jovem.
A psicóloga Gisele Lelis Vilela de Oliveira, de Rio Preto, diz que o jovem baseia suas decisões com relação à profissão nos familiares e também nas pessoas próximas, que tenham alguma importãncia e significado em sua vida. A especialista alerta que é importante uma orientação profissional, para que essa escolha não se tome uma frustração no faturo.  Uma das alternativas para essa orientação profissional são os conhecidos testes vocacionais, que devem ser aplicados por psicólogos. Gisele Lelis alerta que os testes realizados por não psicólogos, caracteriza o exercido ilegal da profissão. E preciso também ficar atento aos testes realizados por sites não reconhecidos pelo Conselho Federal de Psicologia, pois não servem como referência. 
Silvana Parreira de Jesus, psicóloga de Rio Preto, diz que os testes são importantes, mas não devem ser a única ferramenta na hora de decidir qual carreira seguir. “E necessário conhecer adia a dia da profissão, fazer pesquisas sobre as matérias que vai estudar e analisar o crescimento do mercado de trabalho dessa carreira”, aconselha. A especialista também orienta que jovens a partir dos 15 e l6anosjáprocorem conhecer sobre as profissões que os agradam e que gostariam de seguir. Assïm, é possível controlar a ansiedade e a insegurança alguns anos mais tarde, no momento da decisão.  Claudia Carraro,especialista em orientação profissional e coach de carreiras de São José dos Campos, diz que o processo de escolha profissional não é apenas conhecer as profissões, mas também imaginar-se nelas, sensibilizar-se com seus problemas e dificu Idades, ligar os papéis profissionais ao seu próprio interesse e interpretar o mundo do trabalho com suas próprias aptidões.  “A escolha da profissão não acontece com um teste ou em um dia. A escolha só acontece quando a pessoa passa pelas etapas de escolha e amadurece, este processo pode durar três meses, um ano ou nunca acontecer”, afirma a orientadora. 

ARMADILHAS DA VAIDADE


JORNAL DIÁRO DA REGIÃO
Escritor por: Gisele Bortoleto
Data: 28/11/2011

Exageros na busca pelo corpo ideal podem gerar sofrimento ao invés da boa relação como espelho; especialistas alertam para a necessidade de vermos não só a beleza do corpo, mas de nossos valores

Ela passa em frente a uma vitrine, dá uma olhada rápida no manequim, olha sua imagem refletida no vidro e não gosta muito do que vê.Dá uma olhada novamente em sua silhueta para concluir que os seios não estão salientes como os da modelo e também acha que os “pneus” no abdômen estão marcando mais do que gostaria. Pronto. Os poucos segundos em frente a uma vitrine, de um breve momento de prazer gerado pela possibilidade da compra, transforma- se na decisão de em breve se submeter a uma cirurgia no nariz e uma lipoaspiração na barriga.

A grande maioria dos espelhos hoje em dia está tendo a ingrata missão de não mais refletir a beleza de suas donas por culpa delas mesmas, que esperam ver do outro lado uma simetria absoluta da forma. Assim, a busca pela imagem irretocável se firma em uma onda de insensatez coletiva.
Não se trata de ir contra a vaidade, pelo contrário: aplicada na dose certa, faz milagres pela autoestima de uma pessoa. O problema é que o desejo de se parecer com um modelo estabelecido por uma sociedade se tornou uma obsessão. Tanto que as pessoas já não estão mais nem aí se a beleza é natural ou não. As adolescentes, por exemplo, já pintam o cabelo e fazem retoques pelo corpo quando tudo ainda está em cima e bonito. A moda dominante, a cultura, a tecnologia avançada e todos os recursos que hoje a ciência possui já fazem da mulher um objeto de luxo. É possível mudar quase tudo e o reflexo de grande parte das mulheres se tornou postiço com aplicações de silicone, lipoaspiração, maquiagem definitiva, unhas postiças e tudo aquilo que nosso dinheiro comprar.
Foram feitas 645.464 cirurgias plásticas em 2009 no Brasil, segundo pesquisa encomendada ao Ibope pelo 11º Simpósio Internacional de Cirurgia Plástica, realizado em março deste ano em São Paulo. Em comparação com pesquisa feita pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica em 2008, o aumento no número de procedimentos foi de 2,6%.
Do total, 443.145 foram estéticas (69%) e 202.319 cirurgias reparadoras (31%). E a grande maioria na faixa entre 19 e 50 anos.
O implante de silicone nos seios tem conquistado a preferência feminina nos últimos anos, superando as  lipoaspirações, que eram as preferidas dos brasileiros. As plásticas mais procuradas por mulheres são o implante de prótese de silicone, lipoaspiração no abdômen e rinoplastia. Entre os procedimentos não-cirúrgicos estão o  preenchimento e a aplicação de toxina botulínica.
Os números mostram que o público masculino também entrou nesse culto incessante à beleza: 119,2 mil cirurgias no ano passado foram em homens (18,4%), que procuram fazer correções no corpo e rosto. As plásticas mais procuradas por homens são lipoaspirações, transplante de cabelo, cirurgia de pálpebra, ginecomastia, plástica no nariz e correção de orelhas de abano.
E nessa busca incessante pela imagem perfeita, ficamos atrás apenas dos norte-americanos. Dados da American Society for Aesthetic Surgey (ASAPS) revelam que no ano passado foram 10 milhões de cirurgias plásticas.
Aqui no Brasil, já é comum vermos as meninas preferirem, ao invés de uma festa em um parque de diversões, uma tarde com as amigas no salão de beleza, e a boneca Barbie desde cedo já antecipa a descoberta da vaidade. Até a internet já foi contaminada por essa apologia à beleza, de deixar encabulada Afrodite, a deusa grega da beleza. Umsite de relacionamentos, o “Beautiful People”, só admite gente bonita ou que mande uma foto em que pareça bonito. A decisão se você será aceito nesse “seleto” mundo é das pessoas que já foram aceitas no clube. A loucura, pasmem, já tem 600 mil usuários espalhados em 160 países no mundo.
Mas alguém sabe dizer por que a sociedade está padecendo do mal de narciso, aquele jovem da mitologia grega que se afogou de tanto admirar sua beleza nas águas de um rio? A beleza estética e física padronizada pela indústria damoda e da fama é escravizante. O psicoterapeuta e escritor Augusto Cury, emseu livro “ADitadura da Beleza” (ed. Sextante), escreve a respeito dessa beleza, apontando os seusmales.No seu livro, ele revela as mentiras e consequências prejudiciais da beleza padronizada e requerida pelas agências de modelos e da moda. Essa mesma beleza gera complexos, frustrações, doenças psicossomáticas (anorexias, bulímia, distúrbios alimentares, etc.) e o consumismo desenfreado, gastando-se fortunas para se manter a aparência, as linhas, os pesos e as formas corporais exigidas.
O cirurgião plástico Rubem Bottas vê com preocupação o excesso de cirurgias plásticas e a necessidade que muitos pacientes têm de buscá-las a qualquer custo. Por isso, o profissional que atende situações como essas deve ter o bom senso. “A cirurgia plástica pode ajudar muito o paciente na correção de alguma imperfeição, no aumento da autoestima e na melhora de muitos aspectos, porém, tudo tem um limite, e com a cirurgia plástica não é diferente”, afirma Bottas. A aparência física não é tudo. 
Para a psicóloga Gisele Lelis Vilela de Oliveira, há muito tempo somos submetidos a um padrão de beleza imposto por apelos publicitários na TV, nas ruas e revistas. Esse apelo nos traz um modelo estereotipado de perfeição que não reflete a realidade da maioria da população.
“A indústria estética temcrescido intensamente devido a essa enorme insatisfação com o corpo, que reflete a dificuldade das pessoas em assumir os reais padrões estéticos”, afirma Gisele Lelis. Isso tem afetado as pessoas, afinal sua aceitação ou rejeição no grupo social, nas relações afetivas e também na sua relação consigo mesmo dependem desse estereótipo.
A psicóloga diz ainda que as pessoas acabam cedendo a esse padrão devido à exclusão social de que podem ser vítimas, caso não estejam dentro do modelo esperado.
A busca por um padrão de beleza que muitas vezes não condiz com seu biotipo pode trazer várias consequências, já que a pessoa busca isso a qualquer preço. “Há umsofrimento psicológico muito grande nessa insatisfação que vivemos e coma ideia de que só a estética, a beleza e a juventude vão nos tornar amados”, explica.
Isso faz com que as pessoas abusem de medicamentos para emagrecer, excedam- se em dietas “milagrosas” e exagerem em atividades físicas. Com isso, ficam propensas a desenvolver alguns transtornos alimentares graves, podendo trazer sérios prejuízos na vida pessoal e profissional.
“Precisamos fazer uma intensa reflexão sobre esses modos de manipulação em massa, buscar autoconhecimento e resgatar a individualidade, pois só assim poderemos obter satisfação”, afirma Gisele.
Somos singulares, temos uma beleza e valores próprios, e esses não estão associados apenas ao corpo, e sim a um conjunto de características. Claro que a vaidade pode ser positiva, mas quando a mesma está orientada para o investimento em qualidade de vida.
“Faça as coisas a seu tempo e evite se expor a riscos desnecessários. Há um limite para tudo, inclusive para a energia que você canaliza para a beleza. Sua inteligência e personalidade são muito importantes, valorize-as”, diz a psicóloga. Liberte-se para fazer suas próprias escolhas. Assuma seu corpo e sua vida. Afinal, são as diferenças que tornam a vida interessante.
O maquiador Fábio Gonçalves, da regional Rio de Janeiro da Natura, diz que beleza, para ele, não é aquela  imagem estampada na página das revistas de moda ou de boa forma, que exibe mulheres perfeitas. “A beleza está na gente, na vida, na nossa forma de viver, de sorrir e encantar as pessoas”, afirma.
Na opinião do maquiador - que diz ser contra as mudanças radicais -, cada pessoa deve se assumir como é. Até mesmo a moda exige bom senso e nem todas as coleções lançadas caem bem no biotipo de todo mundo. “É preciso se adequar e você não tem de sofrer por conta disso”, afirma.
A dica do maquiador é que você pode usar alguns truques para ressaltar os pontos positivos do seu corpo ao invés de tentar mudar os que não gosta, e ser feliz porque não temos tempo para sofrer.
“Se você tem olheiras, por exemplo, realce a boca com um batom vermelho bem lindo que ninguém vai nem olhar/ para a olheira”, afirma. Se você tem lábios muito finos, ao invés de colocar botox, pode caprichar na maquiagem do olho, usando uma sombra com uma cor bonita que esteja em voga. Se tem uma cintura fina, pode usar um cinto para realçá-la ou se tem um cabelo bonito, pode usá-lo solto. “Use o que você tem de melhor”, diz.
A interferência das tradições culturais no corpo e na aparência e o que a mulher é capaz de fazer para ficar bonita também é tratada no livro “Ritos do Corpo” (ed. Senac), escrito por Maslova Teixeira, Lorelai Kury e Lourdes Hargreaves. Elasmostramque aparência corporal reflete informações históricas e sociais sobre a pessoa e seu meio e fala da necessidade do ser humano de atuar sobre seu corpo para expressar desejos, a relação com o seu tempo e sua autoimagem.


Beleza que emana da vida saudável

As denúncias de ditadura da beleza, da imposição de padrões e das loucuras cometidas pelas pessoas para atingir esse ideal não são exatamente novas. Embora tudo isso continue sendo verdade – algo que se observa facilmente olhando ao redor - a boa notícia é que já existe uma contratendência crescente que atrela beleza e saúde.
Hoje, são vários os movimentos que atacam de certa maneira a base da construção em torno da beleza padronizada a que todos têm de servir. Esse movimento coloca a beleza como algo a ser atingido a partir de uma vida saudável.
O sociólogo Dario Caldas, do Observatório de Sinais, diz que o movimento de culto à beleza emergiu com muita força na civilização ocidental a partir dos anos 1980 e tem a ver com as mudanças que surgiram com a mulher mais emancipada, forte, autônoma e independente sexual e financeiramente. “Quando o feminismo começa a colher seus frutos, essa ‘corpolatria’, outro tipo de amarra social e cultural, começou a se levantar”, diz.
No entanto, segundo ele, aspectos novos estão emergindo com mais força do que a continuidade desse status quo atual. Entre os exemplos estão a questão da qualidade de vida, onde aparecem enquadrados o bem-estar e a felicidade, imperativos mais pessoais e individuais para se construir aquilo que é estar bem consigo próprio.
“Ninguém está dizendo que a beleza deixou de ser necessária e, embora essa seja uma realidade que se generalizou, temos de olhar para os sinais que mostram que essa beleza a todo custo está sendo questionada fortemente de todos os pontos de vista e a força dos ataques tem sido crescente”, afirma ainda o sociólogo.
De acordo com a nutricionista Rosane Longuinhos de Faria Barbieri, vários estudos comprovam que, por meio de uma boa nutrição, não só conseguimos a beleza como uma vida mais saudável e] longevidade. Para isso, segundo ela, é recomendado comer bem, e isso implica escolher corretamente os alimentos que contenham nutrientes essenciais para o bom funcionamento do organismo. Sem esquecer, é claro, que a boa alimentação deve estar associada a uma  atividade física, a um sono adequado, a uma boa hidratação do corpo e ao controle do estresse, que influenciam na aparência e na beleza. “Estes são fatores importantíssimos que, em conjunto, vão fazer com que consigamos uma qualidade de vida melhor, uma saúde boa e, por trás disso, uma beleza natural”, explica. _ (GB)

segunda-feira, 9 de maio de 2011

TÁ DOMINADO

JORNAL DIÁRIO DA REGIÃO
Escritor por: Jéssica Reais
Data: 08/05/2011

 

Aprenda a gerenciar seu estresse, entendendo que nem todo mecanismo que funciona para alguns é o mais adequado para você. Ações simples e prazerosas são às vezes o melhor caminho.
Muitos podem sentir-se melhor após meditar; outros, por incrível que pareça, podem até ficar mais irritados. Existem aqueles que acreditam que a organização é fundamental para ficar livre do estresse – mas se algo foge do seu “script”, toda calmaria vai embora. E há ainda os que, apenas papeando com um amigo, já se sentem aliviados.
É por isso que nem sempre os tradicionais mecanismos de redução do estresse funcionam. Há situações e pessoas, cada uma consegue gerenciar o estresse de maneira diferente e nem sempre o que resolve para uma pode ajudar a outra.
“Para lidar com o estresse, é necessário uma combinação de diversos fatores, e é preciso prestar atenção àquilo que dá prazer e satisfação, pois o que funciona para um pode não funcionar para o outro. Portanto, é bom que se tenha algum conhecimento sobre si mesmo”, afirma a psicóloga Gisele Lelis Vilela de Oliveira, de Rio Preto.

Não é só meditar
Segundo o psicólogo Armando Ribeiro das Neves Neto, consultor em gestão do estresse e professor de aprimoramento em terapia cognitivo-comportamental da USP, existem vários mitos relacionados à meditação. Embora seja uma das atividades mais utilizadas para reduzir o estresse, ainda tem associação esotérica, mística e religiosa. “O efeito da meditação é somente alcançado com a prática regular, portanto, se a pessoa não adere à prática da meditação, pode experimentar alguns exercícios de respiração diafragmática, relaxamento muscular, caminhada e alimentação equilibrada”, explica.
Elko Perissinotti, psiquiatra e vice-diretor do Hospital-Dia do Instituto de Psiquiatria do HC-FMUSP, diz que a meditação não é a única solução, embora possa ser muito útil. “Em medicina, recomendamos a meditação científica (mindfulness), portanto, sem vinculação religiosa. Isso protege nossas glândulas supra-renais (a glândula do estresse), promovendo melhor equilíbrio na produção de glicocorticoides e catecolaminas, o que poupa nosso organismo de sobrecargas hormonais disfuncionais em áreas neurológicas, mentais (psicológicas), endócrinas e imunológicas”, afirma.
Embora a meditação possa trazer todos esses benefícios, pode não ajudar a todas as pessoas, por isso Gisele indica outras atividades relaxantes. “A pessoa deve buscar algo que lhe dê prazer. Se fizer algo de que não gosta, não vai minimizar os efeitos do estresse e ainda corre o risco de ficar ainda mais estressada. A ideia é tentar simplificar a vida e não deixá-la ainda mais complicada com atividades nas quais não tem prazer em fazer. Qualquer atividade que possa ser relaxante e que a pessoa sinta-se bem ao realizá-la pode minimizar os efeitos do estresse no dia a dia”, diz a psicóloga. 
Armando Ribeiro das Neves Neto afirma que o ideal para o gerenciamento do estresse é uma combinação da avaliação diagnóstica, com terapia cognitivo-comportamental e mudança do estilo de vida. A meditação é mais uma estratégia que pode ser usada, mas que também depende do perfil de cada um. Outra recomendação do especialista é o biofeedback, um equipamento que registra os sinais do corpo relacionados ao estresse, como batimentos cardíacos e respiração.





Desabafe

Compartilhar seus problemas com alguém próximo como um amigo também pode ajudar. Mas cuidado, nem todo mundo está preparado para ouvir os “problemas” alheios sem expressar uma opinião que possa piorar ainda mais a situação.
Perissinotti diz que é sempre bom falarmos, mas lembra que o que ainda não foi dito, por exemplo, remorsos, é responsável por quase todos os males e estresse.
“Não tendo com quem falar, vá a um psicoterapeuta indicado por uma pessoa de confiança. Não hesite em chorar, espernear ou gritar. Retire os grilhões de seus demônios (raiva, inveja, ciúme) interiores”, recomenda. O psicólogo Armando Ribeiro das Neves Neto diz que contar os problemas, em geral, é um “santo remédio”, mas alerta que isso pode trazer efeitos colaterais, por exemplo, se o ouvinte for mais estressado que a pessoa que quer compartilhar os problemas ou não souber lidar com a situação de forma serena. “Ter um amigo para conversar é excelente, mas não transforme o seu amigo, pai, irmão, namorada ou esposa em seu terapeuta. Isso pode estragar a relação”, alerta.

Família
Ter uma boa estrutura familiar pode ajudar a reduzir a inquietação excessiva causada pelo estresse. Para a psicóloga Gisele, “momentos de estresse sempre farão parte da nossa vida, o importante é buscar autoconhecimento para lidar com essas situações e evitar que o organismo entre em conflito.”Um bom aparato familiar pode auxiliar na redução da inquietação à medida em que não complementa essa inquietação, em que auxilia na obtenção de recursos que possam ajudar o indivíduo em momentos de maior dificuldade. “É importante que cada pessoa busque, por meio de terapias, conhecer-se melhor, buscar equilíbrio para essas situações”, afirma.
O psiquiatra Perissinotti complementa dizendo que o amor da família é uma verdadeira vacina, não só para o estresse, mas também para prevenção de drogas, síndrome do pânico e psicoses.
Gisele explica que os animais de estimação também auxiliam no gerenciamento do estresse, mas desde que a pessoa goste de bichos, pois os animais oferecem distração, um momento prazeroso em que a pessoa passa junto de seu bichinho de estimação.

Repouso
Chega a hora de dormir e no pensamento surgem os problemas que precisam ser resolvidos no dia seguinte.
Ficar remoendo esses pensamentos não vai resolver nada, afinal, se os problemas são para o dia seguinte, é preciso saber relaxar para ter uma boa noite de sono.
Segundo Armando Ribeiro das Neves Neto, as preocupações atrapalham muito a qualidade do sono, podendo até impedi-lo. “Não devemos esquecer que as preocupações são também sentidas pelo nosso corpo por meio dos neurotransmissores cerebrais e hormônios.” Preocupações financeiras, problemas no relacionamento e no trabalho aumentam o cortisol e a adrenalina, o que dificulta o relaxamento necessário para uma noite de sono tranquila e regeneradora.
Pessoas muito estressadas têm quantidade e qualidade de sono ruim. “Problemas com o sono estão associados com ganho de peso, diabetes e hipertensão arterial”, explica o consultor em gestão de estresse.
A psicóloga Gisele diz que relaxar depois de um dia tenso é fundamental para uma boanoite de sono e, com isso, descansar para iniciar um novo dia. “Procure finalizar as atividades no trabalho e já organizar o dia seguinte. Ao sair do trabalho, busque atividades prazerosas e que possam auxiliar você a relaxar e mudar o foco.”
A insônia pode ser um desencadeador do estresse e uma boa noite de sono pode ser uma grande aliada no gerenciamento ao estresse”, recomenda.

Organização
A organização é fundamental para que tudo saia do jeito que planejamos, mas, por outro lado, pode também favorecer o estresse, por exemplo, quando algo dá errado durante a execução dos planos. Para Gisele, pessoas com tendência ao perfeccionismo podem apresentar muita dificuldade e nervosismo quando uma situação não sai como planejada e, com isso, gerar uma crise de estresse.
O consultor em gestão de estresse Armando Ribeiro das Neves Neto diz que a disciplina pode ser uma estratégia positiva para a redução do estresse e também um fator causal do mesmo. “Com alguma disciplina, planejamos melhor nosso dia a dia e nossa vida, o que facilita a realização de projetos importantes e atividades no tempo adequado, porém, frequentemente nos frustramos por expectativas não alcançadas. A disciplina pode encobrir uma certa rigidez da personalidade ou insegurança. Alguma disciplina é sempre bem-vinda, mas sem nos tornarmos escravos dela”, afirma.


Gisele Lelis Vilela de Oliveira

Psicóloga CRP 06/66092
Contato: (17) 30115891
               (17)91479333