domingo, 11 de março de 2012

Valores: quais são os seus?
Vivemos uma crise ética, onde os valores privados prevalecem sobre os coletivos, sem a preocupação com o quanto e como isso afetará o outro.
por Cris Oliveira
REVISTA DOMÍNIOS
ED 164 - FEV/MARÇO 2012




É cada vez mais comum ouvirmos e vivermos histórias onde personagens parecem não medir esforços para triunfarem. É a máxima do "quem pode mais chora menos". Então surgem algumas perguntas: vale tudo para atingir um objetivo? Se eu for "bonzinho" terei sucesso e respeito? Onde andam os valores que meus pais me ensinaram? Ou ainda, será que minha percepção de valor é que está errada?
"Vivemos uma crise ética, onde os valores privados prevalecem sobre os coletivos, sem a preocupação com o quanto e como isso afetará o outro. Cada país tem um conjunto de valores que faz com que as pessoas se comportem de determinada forma, eles não têm validade universal. No Brasil temos, hoje, propagada a ideia de que se dar bem, independente de ser lícito ou ilícito, pode ser interessante.
Temos um país que, apesar de não valorizar, incentiva determinados comportamentos ilícitos. Por outro lado, as empresas têm prezado pela ética, apostado em colaboradores que possuam uma conduta moral, valores, virtudes", destaca a psicóloga e psicodramatista Gisele Lelis.
O coach Luís Marino completa, dizendo que a sociedade valoriza quem se dá bem. "É gostoso ver que as pessoas estão conquistando seu espaço e obtendo resultados, porém, quanto a ser lícito ou ilícito, é outra coisa. Hoje temos observado o quanto as pessoas já não aceitam as coisas caladamente. Isto mostra a mudança de valores pela qual temos passado. Basta olharmos para nós mesmos e analisar: o que antigamente eu aceitava e que hoje não aceito mais."
Para o sociólogo Cássio Giorgetti, valores como o individualismo, a ganância financeira e a ambição desenfreada estão impregnados na sociedade há muito tempo. "Nos dias atuais, esses valores negativos são exacerbados pela voraz competitividade que impera entre os indivíduos. A concorrência por melhores cargos, salários e posições e a necessidade permanente de acumular capital, com o intuito de prosperar socialmente, faz com que os cidadãos tenham que trabalhar cada vez mais, se especializar e passem a enxergar uns aos outros como adversários."
Valores corretos
Mas afinal, é possível saber quais são os valores corretos que envolvem o bem comum? Gisele acredita que, de acordo com cada cultura, os chamados "valores construtivos" são aqueles que respeitam, que são capazes de potencializar a vida. Por outro lado, os "valores destrutivos" são aqueles que ameaçam a vida, a saúde e o equilíbrio emocional das pessoas.
"Hoje até mesmo as crianças são estimuladas a pensar em si mesmas, esquecendo-se do outro. O que temos visto é uma crise que deflagra a existência de discriminações, preconceitos, desrespeito aos diferentes grupos de pessoas. Pais não sabem como transmitir valores aos seus filhos por considerar que o que seus pais ensinaram já é ultrapassado. A vida precisa de respeito, solidariedade, amor, cuidado", pontua a psicóloga.
"Temos visto que os valores relacionados ao bem comum perdem força, bem como o engajamento e a participação da comunidade em ações que estejam relacionadas às questões inerentes às causas coletivas. Nas comunidades de baixa renda, esse processo conduz ao definhamento gradativo e diminui as verdadeiras lideranças comunitárias, despojadas de qualquer ambição pessoal, incorruptíveis e dispostas a lutar única e exclusivamente pelos interesses coletivos", constata Cássio Giorgetti.
Valores diferentes
"É simples conviver pacificamente com os valores dos outros. Basta aceitar as pessoas como elas são, entender que vivemos em um mundo de diferentes, e que isto faz parte do processo da vida. Posso não concordar, mas no mínimo respeitar essa diferença. Para tanto, devemos deixar de lado a vaidade e o egoísmo que fazem com que achemos que nossos valores e verdades são os mais corretos, e que tudo precisa ser da maneira como pensamos e queremos", pontua Luís Marino.
Ele acredita que os valores chamados deturpados, são deturpados para aqueles que os desconsideram, não para aqueles que estão sendo rotulados.
"Se todos nós fôssemos iguais, o mundo não seria melhor. Existiria estagnação, porque é das diferenças que surgem os atritos necessários para que hajam mudanças. Cada pessoa passa pelas experiências necessárias para que possa, dentro de seu conjunto de manifestações, analisar seus resultados, e com isto aprimorar seus pensamentos e ações", finaliza Marino.
Como estão os seus valores?
"Desde que a humanidade surgiu, há mais de cem mil anos, determinados padrões de conduta foram criados para poder regular a vida da comunidade e permitir o seu convívio pacífico. Sem sólidos valores morais e éticos nenhuma sociedade pode subsistir", pontuou o livre docente do departamento de Psiquiatria e Psicologia Médica da Famerp, Lazslo Antonio Ávila. Ele também ressaltou alguns valores. Acompanhe e reflita.
Honra é uma noção profunda de valor próprio, um sentido de que algumas coisas valem mais do que a própria vida. Se um político japonês, da mais alta esfera, for pego roubando, ele sente uma vergonha tão profunda que se suicida. Um homem honrado se sente na obrigação moral de garantir os valores pelos quais ele vive.
Honestidade há 50 anos desconfiar da honestidade de alguém era algo muito mal visto. Hoje desconfiamos de todos. Muitos políticos roubam, e uma parte da população pensa que isso é assim mesmo. Precisamos recuperar uma sociedade onde a honestidade volte a ser um valor óbvio, e não uma exceção.

domingo, 4 de março de 2012

O CORPO FALA

Entrevista concedida para o Programa Revista de Sábado da TV TEM - afiliada Globo em São José do Rio Preto.
O corpo fala...grupo de teatro conta histórias através da dança com comentários da psicóloga Gisele Lelis


http://www.youtube.com/watch?v=cswZky4vlAI&feature=youtu.be