sábado, 5 de março de 2011

PAIS SE JUNTAM AOS FILHOS PARA CURTIR A NOITE


JORNAL DIÁRIO DA REGIÃO
Escritor por: Maria Stella Calças
Data: 19/09/2010
Sexta-feira a noite, Larissa Baldissera, 14 anos, sua prima Amanda Baldissera, 15, e a amiga Tamires Rodrigues, 17, se arrumam para irem à “balada”. Mas as adolescentes não vão sozinhas, elas têm uma companhia especial: Rosângela Baldissera, mãe de Larissa.
Sim, Rosângela acompanha a filha na noite rio-pretense. “Eu vou para me divertir, mas também é uma questão de segurança. Assim, eu sei com quem elas estão, com quem foram e com quem vão voltar. E se precisarem de qualquer coisa, estou lá”.
Rosângela não é a única. A empresária Júlia Maria Zoccal Bresser e seu marido Artur Acássio Bresser acompanham a filha Maria Júlia, de 16 anos, em vários eventos, sempre levando a tiracolo uma turma de amigas da jovem. “Elas são uma turminha muito unida, então sempre que saímos levamos algumas conosco. Elas se divertem e nós também”, explica.
Para a psicóloga Gisele Lelis, “se o filho concorda com esse acompanhamento e não se sente invadido, é uma coisa saudável e que pode estreitar os laços entre pais e filhos”. As mães ouvidas pela reportagem dizem fazer questão de manter a privacidade dos filhos. “Respeitamos muito o espaço dela e das amigas, mas elas têm a segurança que, se precisarem de alguma coisa, estamos lá”, afirma Júlia.
A filha da empresária, Maria Júlia, afirma que gosta quando os pais a acompanham. “Eu gosto quando eles vão junto porque eu me divirto e eles também. Nunca me senti invadida, então, para mim, estar com ou sem eles não muda em nada meu comportamento e meu divertimento”, explica. Para Rosângela, ver o divertimento dos filhos não é problema. “Eles estão numa idade maravilhosa, têm que curtir. Eu fico mais tranquila quando estou por perto, mas sempre me policio para dar o máximo de espaço possível. Tudo que é moderado é saudável”, afirma.
Para ela, é muito importante manter essa relação próxima com os filhos. “Eu os acompanho desde pequenos, então para eles isso é normal. Inclusive, eles me chamam, me convidam para ir nos lugares. Sou liberal e muito amiga deles, mas não deixo isso atrapalhar meu papel de mãe. Mantenho o meu controle sobre eles, mas de uma forma saudável”. Assim como faz com Larissa, Rosângela também acompanha o filho Rodolfo, 17 anos. O rapaz conta que nunca ficou constrangido com a companhia da mãe.
“Ela sempre respeitou nosso espaço, inclusive sempre levou amigos meus também, então é bom pra todo mundo”. Larissa diz que gosta da companhia da mãe. “É bom porque não corro o risco de ter que ficar sozinha esperando minha mãe me buscar depois, e muitas vezes nós saímos depois, vamos tomar sopa, conversar”, conta. O marido de Rosângela não a acompanha nas festas. “Ele não gosta de aglomeração, então eu vou sozinha e acabo fazendo amizade com outras mães que também foram levar os filhos”.

Avó


Assim como essas mães, a empresária Lucília Coelho é uma avó nada tradicional. A própria neta Stephanie Coelho, 17 anos, diz que ela é diferente das outras avós. “Meus amigos têm avós que cozinham, ficam em casa, fazem tricô. A minha é mais minha amiga do que avó e me acompanha em muitos eventos”.
Para Lucília essa relação próxima da neta é fruto de uma amizade cultivada desde que a menina era criança. “Nós sempre viajamos muito juntas, desde que ela era pequena, e sempre saímos muito também. Então, acabou sendo uma coisa natural. Hoje, ela me chama para sair”, afirma a avó. Para Stephanie, Lucília é uma grande amiga. “Eu nem chamo ela de avó, chamo de Lucília, e gosto de sair com ela como gosto de sair com meus amigos”.


Atitude determina sucesso das ‘parcerias’


Para psicólogos, se o acompanhamento dos pais em festas, shows e baladas vai ser benéfico ou prejudicial, depende da conduta dos responsáveis. “Tem pais que têm muito medo das baladas. Então, passar um tempo em uma festa dessas com o filho pode ajudá-lo a conhecer esse mundo e entender melhor o estilo de vida do filho. Mas os pais têm que aprender a respeitar o espaço dos filhos. Tem filho que aceita numa boa e curte a companhia do pai, mas tem filho que se sente invadido”, explica a psicóloga Gisele Lelis.Para a também psicóloga Marli Oliveira, “por mais difícil que seja, os pais devem orientar os filhos e liberá-los para algumas baladas. Eles precisam ter experiências individuais, escolhas, frustrações, dificuldades. Até para fazerem os filhos se sentirem dignos de confiança e responsáveis pelas suas atitudes”.
A psicóloga defende que ter pais “modernos” pode prejudicar a formação do adolescente. “Muitas vezes esses se comportam como qualquer colega do filho. Adotam linguagem, comportamento, roupas daquela tribo e até ‘ficam’ com amigos do filho. Não podemos esquecer, nunca, que pais sempre são modelos a serem seguidos pelos filhos. Que referencial esse adolescente terá se seus pais só se comportam dessa forma?”, afirma.


Diálogo


As duas psicólogas concordam quando o assunto é o diálogo. Para Gisele, “o diálogo é o mais importante, independente da presença do pai no evento, porque o pai ficará mais tranquilo se souber onde e com quem o filho vai. Se conhecer os amigos do filho. Tem muitos pais, inclusive, que não se sentiriam a vontade saindo com os filhos. Então, o mais importante é o diálogo”.Marli também aposta numa boa conversa para clarear as coisas. Mesmo porque, segundo ela, os pais não poderão estar o tempo todo ao lado dos filhos. “Eles terão que enfrentar sozinhos várias situações, e darão a resposta que estiver internalizada neles. E tão bom quanto o diálogo é o exemplo, dizer o que é certo ou errado, mas também se comportar coerentemente com o que está dizendo”, afirma Marli.


Presença em festa é liberada


Os portões do recinto de exposições se abrem hoje, às 17h, para o último dia do Carnariopreto. Hoje, se apresentam as bandas Chiclete com Banana e Seu Moço. Os shows começam às 18h30. No ano passado o evento foi alvo de grande polêmica porque o juiz da Vara da Infância e da Juventude de Rio Preto, Osni Assis Pereira, permitiu a entrada de adolescentes de 16 e 17 anos no evento apenas acompanhados dos pais ou de um maior de 18 anos com procuração dos responsáveis pelo menor.
Nesse ano, Pereira permitiu que os jovens entrem desacompanhados. “Infelizmente, no ano passado os pais deixavam os adolescentes na festa e iam embora. Então, a justiça estava sendo feita de boba”, explica o juiz. Os adolescentes nessa faixa etária só não terão acesso à área open bar. “É impossível evitar o uso do álcool por menores de idade em qualquer lugar, não só em eventos como esse. O que falta é a conscientização desse menor de que o álcool faz mal para sua formação moral e para sua saúde. Com essa medida, espero inibir esse uso”, afirma Pereira.
O promotor da Vara da Infância e da Juventude, Cláudio Santos de Moraes, é contra a presença de menores nesse tipo de evento. “Esse local é inadequado para menor de 18 anos, onde tem consumo de bebida alcoólica, de drogas, promiscuidade e tudo o que você imagina de ruim. O menor não tem maturidade para enfrentar esse tipo de coisa”. Para ele, os jovens deveriam ter permissão para participar da micareta apenas acompanhados dos pais. “Estando na companhia do pai, a responsabilidade de fiscalizar o que esse jovem faz, se ele está se excedendo, é dos pais”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário