quinta-feira, 10 de março de 2011

AMOR TRADUZIDO EM GESTOS


 
JORNAL DIÁRIO DA REGIÃO
Escritor por: Gisele BortoletoNany Fadil
Data: 02/01/2011


A afetividade interfere na forma como vemos o mundo e as pessoas. Resgatá-la por meio do diálogo e demonstrá-la com atitudes concretas são fatores que colaboram para o nosso desenvolvimento emocional.

Demonstrar a afetividade pode fazer toda a diferença em nossas vidas. Não importa se no relacionamento íntimo, no trabalho ou em casa: o afeto é a chave para mergulhar no coração e nas boas intenções de uma pessoa. Sobressaem-se cada dia mais aqueles que reconhecem a importância de um sorriso, uma dose de paciência ou uma amizade sem nenhum interesse. Enfim, as pessoas que sabem levar a vida com leveza e que tornam o ambiente melhor ao seu redor.
O psicólogo chileno Rolando Toro (1924-2010) - criador da biodanza, a dança da vida -, dizia que a afetividade é o potencial inato que garante a conservação da vida e ela se torna sagrada porque a amamos. Segundo ele, vivemos um vazio existencial que tentamos preencher com a busca incessante de juventude, beleza, conforto e consumo, distanciando-nos muito do essencial, que é a vivência do amor, da união, da empatia e da solidariedade. Ele defendia que, no fundo, as pessoas querem amar e ser  amadas, porém é exatamente o mais difícil de acontecer hoje, pois vivemos numa sociedade onde as emoções e sentimentos são bloqueados.
A inteligência não está mais ligada à afetividade e é ela que nos faz sentir parte do todo. Rolando Toro afirmava ainda que é o afeto que nos dá a alegria de viver, a sensação de nos sentirmos vivos, ligados à natureza e a outros seres humanos. “Nosso mundo fez progressos tecnológicos maravilhosos, mas infelizmente não está a serviço do desenvolvimento da emoção”, disse uma vez durante entrevista.
Toro afirmou ainda que precisamos criar novas pautas internas para viver. Cabe à educação criar novos espaços e tempos para que as pessoas possam sentir que o caminho do cuidado e da afetividade pode ser vivido e não apenas esperado.
A psicóloga Gisele Lelis Vilela de Oliveira explica que a afetividade é um conjunto de respostas subjetivas e definidas. Essas respostas são expressas através dos sentimentos, emoções, sensações, estados emocionais, desejos, paixões, necessidades e humores. A afetividade determina a atitude das pessoas diante das experiências. Ela é o que impulsiona nossas vivências.  É através dos afetos que qualificamos os objetos do nosso mundo interior e do nosso mundo exterior. É através dos afetos que qualificamos nossas vivencias diárias, se estamos com raiva, tristes, contentes, se estamos apaixonados e assim por diante. A afetividade interfere na representação que cada um de nós tem do mundo, na  qualidade das nossas representações, é o que dá cor aos nossos pensamentos, motivações e  sentimentos: se a vida é mais colorida ou menos colorida, se a visão do futuro é mais otimista ou pessimista.
A demonstração de afetividade favorece o crescimento psíquico-social. O nosso desenvolvimento emocional depende da afetividade. Ou seja, ela interfere no crescimento pessoal de cada um de nós.
É possível desenvolver a afetividade principalmente com relação às crianças, pois ela se dá  paralelamente ao processo de desenvolvimento cognitivo. É possível que a afetividade se desenvolva de outra forma desde a infância, com os pais e professores auxiliando os pequenos em um processo de reconhecimento de suas emoções, sem priorizar essa ou aquela emoção como sendo melhor ou pior, mas buscando auxiliá-los na nomeação do que estão sentindo, ajudando-os a verbalizar o que esta acontecendo e assim ajudá-los na busca por respostas para os seus problemas.
No caso dos adultos, esse desenvolvimento pode ser obtido através de um processo terapêutico em que o paciente junto ao terapeuta crie novas lógicas de conduta afetiva.
A nossa afetividade não depende só de fatores internos, mas também do meio social no qual estamos inseridos. As emoções causam efeitos intensos e imediatos no nosso organismo e no nosso modo de lidar com as situações. Muitas vezes, o aprendizado emocional foi complicado na infância e isso repercute para a vida toda. “Muitas vezes, os pais, ao educarem os filhos, agem de forma negativa na preparação emocional" Diz Gisele Lelis
As crianças costumam ser recriminadas por apresentarem determinados sentimentos. “Sem a  afetividade, os nossos papéis são cumpridos de forma mecânica e não apresentamos vitalidade e criatividade”, afirma ainda. A apatia afetiva pode ser observada em alguns transtornos neuróticos.
A diminuição do afeto, por exemplo, pode estar presente nos casos de várias enfermidades mentais.
A indiferença afetiva é característica de algumas personalidades antissociais ou psicopatias em que os indivíduos apresentam ausência de vergonha, remorso entre outras emoções.
A afetividade é importante para a estruturação do ser humano. Quando fazemos parte de um grupo, quer seja ele familiar, profissional ou social, realizamos desejos, necessidades e nos satisfazemos.
Alegramo-nos, nos entristecemos, nos emocionamos ao ver ou participar de algum momento especial.
Portanto sem essas demonstrações de afetividade, sem essas marcas afetivas, nossas vidas perderiam a vivacidade, o colorido.

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