domingo, 29 de abril de 2012

A CASA AINDA NÃO CAIU

Revista Bem Estar - Diário da Região - 29 de abril de 2012
Jéssica Reis
jessica.reis@diarioweb.com.br
Saiba comorrestabelecer o equilíbrio emocional ettomar as melhores decisões nos momentos de crise.




Uma crise é definida como um momento crítico ou decisivo, uma  situação aflitiva, anormal. Mas não são apenas empresas que precisam enfrentá las. As crises acontecem em todas as áreas da vida:  profissional, pessoal, financeira. O que muitas pessoas não sabem é que, antes dessa tempestade acontecer e estremecer as bases emocionais, ela dá alguns sinais que podem amenizar suas  consequências.
Segundo a psicóloga e psicodramatista Gisele Lelis Vilela de Oliveira, as crises são momentos de mudança, de transformação, que exigem das pessoas um esforço para retomar o equilíbrio, a estabilidade emocional.
“Nesse tipo de situação, as pessoas se sentem ameaçadas. Portanto, são momentos, fases críticas que  exigem maior reflexão e disposição para a mudança. Nessa hora, há necessidade de intervenção para amenizar os efeitos negativos”, diz.
Para a psicoterapeuta comcomportamental Marcelle Vecchi, as mudanças acontecem o tempo todo e quando elas são negativas, como quando, por exemplo, um parceiro mostra mais frieza em suas palavras e ações, um chefe que antes era comunicativo se mostra mais distante, um filho carinhoso que agora se fecha em seu quarto, é sinal de que algo não anda bem. “É fundamental agir nessas situações em vez de esperar que isso se resolva sozinho. Precisamos estar atentos aos sinais a todo tempo e dialogar sobre os problemas para que eles não cresçam e se tornem crises”, diz.
A especialista ainda lembra que um relacionamento não fica ruim de uma hora para outra, nem um emprego, nem as finanças: isso acontece aos poucos. “O problema é que a maioria das pessoas não gosta de lidar
com problemas e os posterga. Aí sim um problema vira crise, por falta de atitude no início da situação.”
Marcelle diz que somos acostumados a não gostar de problemas. Os sinais de que algo não está bem aparecem, mas as pessoas preferem ignorá-los  a resolvê-los. “Outro fator que ajuda a não prestarmos atenção às mensagens é a mania que temos de postergar atitudes. Estamos sempre cansados para resolver
problemas e, com isso, o problema só cresce. Um bom exemplo disso é o fato de só a minoria fazer check-up de saúde anual, ou seja, se prevenir de possíveis problemas de saúde. A maioria só vai ao médico quando o problema já existe”, exemplifica.
Por outro lado, especialistas dizem que nem sempre é possível prever uma situação de crise. De acordo com a psicóloga Gisele, várias situações podem gerar uma crise, uma desordem emocional, como, por
exemplo, gravidez, envelhecimento, morte, separações, demissões do trabalho, desastres ambientais, a própria adolescência, perdas significativas de pessoas ou situações sociais como problemas financeiros, casamentos, a saída dos filhos de casa.
A psicóloga e coach Silvana Parreira de Jesus diz que, para administrar qualquer crise é fundamental que a
pessoa esteja ciente de que elas são passageiras, e ter clareza de pensamentos para gerenciá-las. Segundo a especialista, é importante saber identificar a diferença entre crise e situações que não têm solução. “Crise
é algo para a qual há solução, mas para encontrá-la precisamos mudar as formas de agir e pensar. Se  fizermos sempre a mesma coisa, conseguiremos os mesmos resultados”, explica.

Aprenda com a crise
Uma crise bem gerenciada, segundo a psicóloga Gisele Lelis Vilela de Oliveira, pode ser uma oportunidade de crescimento, amadurecimento. A especialista explica que momentos de crise podem ser propulsores
para mudanças, dando encaminhamento mais adequado para as situações.
Para Marcelle Vecchi, é importante prestar atenção nos erros e não cometê-los novamente, aprender a aceitar as mudanças, que fazem parte da vida. “Toda crise requer mudanças de comportamento, então, entendo que crises acontecem para chacoalhar a pessoa, fazer com que ela repense suas atitudes e mude. Esse processo faz parte da evolução e do amadurecimento”, diz.
Vivenciar crises é uma experiência natural em nossa vida, garante Gisele. Segundo a especialista, as crises são um desequilíbrio emocional, um momento de ruptura em que as pessoas se sentem incapazes de sair com os recursos que costumam utilizar. “Momentos de crise são momentos dolorosos e podem ser de amadurecimento.” (JR)

Erro na precipitação
Nem sempre as pessoas sabem administrar uma crise. É por isso que, segundo a psicóloga Gisele Lelis Vilela de Oliveira, uma crise mal gerenciada pode afetar negativamente a vida das pessoas.
De acordo com a especialista, isso acontece porque muitas vezes nos precipitamos na tomada de decisões e acabamos tomando caminhos que podem não ser melhor para aquele momento.
Os momento de crise podem provocar reações emocionais muito intensas. “É comum o sentimento de  desorganização, angústia, tristeza, perda de controle, medo. O sofrimento e a dificuldade em lidar com a situação de crise muitas vezes faz com que as pessoas tenham urgência em resolver, solucionar o problema, e isso pode prejudicar a tomada de decisão. Devido a isso, é importante uma abordagem precoce, buscando novas estratégias de enfrentamento, novas possibilidades de atuação, de reorganização,
uma reedição das situações vivenciadas”, recomenda.
Para a psicóloga Silvana Parreira de Jesus, as consequências ruins de uma possível crise acontecem porque
as pessoas não têm autocontrole e equilíbrio diante da situação e de si mesmas. Sendo assim, não  conseguem gerenciar, visualizar saídas e soluções para o problema.

Contra tempestades
PEÇA AJUDA
Pode não ser fácil, mas pedir ajuda de alguém próximo ou mesmo de um especialista pode ser a melhor forma de tentar impedir ou solucionar a crise. De acordo com a psicodramatista Gisele Lelis Vilela de Oliveira, em momentos de crise, não se deve tomar qualquer decisão até que refletir melhor sobre suas consequências. “Quando há essa assistência, momentos de crise podem ser muito produtivos para a
produção de outras formas de lidar com as situações, auxiliando o paciente a estabelecer prioridades na
resolução dos conflitos nos relacionamentos, nas finanças, no trabalho”, diz

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