quarta-feira, 29 de junho de 2011

QUER NAMORAR COMIGO


REVISTA DOMÍNOS
Escritor por: Daniela Batista
Data: Junho de 2011


ESTÁ DIFÍCIL ENCONTRAR UM COMPANHEIRO? PELO MENOS NAS ESTATÍSTICAS VOCÊ NÃO ESTÁ SOZINHO.


"Quero muito encontrar alguém para um compromisso sério, namoro e até mesmo casamento. Não gosto de ficar sozinho". A queixa do publicitário Bruno, de 32 anos, é cada vez mais comum entre homens e mulheres. Mas, se todos reclamam da mesma coisa, onde está o problema? Pelas queixas, encontrar um amor no meio da multidão, na balada ou até mesmo na fila do cinema ou supermercado está cada vez mais difícil. E as estatísticas não ajudam. Em sua tese de mestrado, intitulada "Por que eu não tenho uma namorada?" o matemático inglês Peter Backus descobriu que as chances de ele encontrar uma mulher com o perfil desejado (nível universitário, entre 24 e 34 anos, fisicamente atraente e que morasse perto dele) eram de apenas 0,0034%. Mas não se desespere! Esse número melhora em 42% se você contar com ajuda da internet.

Mas então como conhecer pessoas? A resposta pode estar em outra pesquisa, feita pelo doutor e professor de Psicologia da USP, Ailton Amélio da Silva.  Autor do livro "Relacionamento amoroso – como encontrar sua metade ideal e cuidar dela" e de outros livros sobre o tema. Ele investigou o assunto e descobriu que os casais se formam da seguinte maneira:  37% dos casais já eram amigos ou já se conheciam, 32% foram apresentados por um conhecido em comum, 20% foram abordados por um desconhecido, 4% foram encontros casuais (fila de banco, supermercado etc) e apenas 1% conseguiu encontrar sua cara metade por meio da internet ou agências especializadas.
Mas o que dizer das pessoas que têm amigos, saem às ruas, vão ao banco, ao  supermercado, acessam a internet e mesmo assim estão sozinhas? Para o especialista, as causas são muitas: "Hoje as pessoas têm menos razões para assumir compromissos porque o casamento foi esvaziado: É possível ter acesso a quase tudo que antes só era possível após o casamento (sexo, companhia, consideração social etc.) Então, para que casar?", explica o psicólogo. E mais: "A decisão para assumir um compromisso importante geralmente é difícil, exige muitas informações, maturação e causa apreensão. Nos dias de hoje, quando os casamentos estão acontecendo cada vez mais tardiamente (após terminar a faculdade, fazer pós, se integrar ao mercado de trabalho etc), os jovens adiam os compromissos no campo amoroso por motivos externos e compreensíveis." Esse é o caso do estagiário e baixista da banda Week6, Marlon Roberto Ferri, de 19 anos, que não tem pressa em ser flechado pelo cupido: "No momento, encontrar alguém não é minha prioridade. Estou muito ocupado com o estudo, trabalho e com a banda. Então se acontecer, ótimo."
Infelizmente também não aconteceu para o jornalista Silvio Atanes, de 52 anos, que engrossa a lista dos "desempregados do coração". Ele conta que já deixou escapar umas "cinco ou seis" oportunidades de casamento: "Na época não queria nada sério e agora que quero, não consigo", diz o solteirão que vê na idade uma das razões do seu infortúnio: "As pessoas da minha faixa etária estão casadas, separadas ou não querem mais se relacionar." Para ele, o mais difícil é encontrar uma pessoa disposta a compartilhar a vida, os sentimentos e que goste de conversar: "Não dá para ser egoísta. Quando começamos um relacionamento precisa haver uma parceria. Cada um precisa dar sua contribuição."
Mas, se para os homens está sendo difícil, para o "sexo frágil" existe um agravante. Segundo o Censo de 2010, no Brasil existem 3,9 milhões a mais de mulheres que homens. Em Rio Preto esse número é de 16 mil. Ou seja, a rio-pretense que tem o seu, deve agarrá-lo com unhas, dentes, batom, perfume e muito amor.
Tudo pelo social Alguém pra chamar de seu
Mas e se a busca por um relacionamento estável for uma imposição social e não uma escolha? Essa é uma questão levantada pela psicóloga Gisele Lelis Vilela de Oliveira. Para ela, antes de tudo, é preciso que as pessoas busquem o autoconhecimento para saber o que realmente querem: "Algumas pessoas passam muito tempo buscando um relacionamento sério e, quando conseguem, percebem que não era bem aquilo que estavam querendo e chegam até a recuar." Segundo Gisele, o ideal é que as pessoas aproveitem a fase de solidão para se questionar: "Além da questão do autoconhecimento, essa é uma ótima época para se desafiar, tentar coisas novas e fazer amizades. A solidão tem vários aspectos positivos, ela não precisa ser cinza, pode ter várias cores."
E a vida está sendo assim, bem colorida, para a farmacêutica Lívia, de 38 anos. Solteira há sete meses, ela sente que o voo solo está lhe "fazendo muito bem": "Saio com minhas amigas, vou ao cinema, saio para tomar um café." Sem ter desistido do amor, ela acredita que poderá conhecer sua alma gêmea de duas formas: com amigos em comum ou em uma fila de cinema ou supermercado. "Em Rio Preto é difícil, depois de certa idade não existe um lugar para conhecer pessoas."
Bruno, o publicitário do começo desta matéria, também tem dificuldade quando o assunto é sair de casa: "Não gosto de sair sozinho, mas, quando não tem jeito, vou assim mesmo. O mais difícil é ir ao cinema desacompanhado, pois não tenho com quem comentar o filme após a sessão."
A internet vem revolucionando as formas como as pessoas se relacionam, seja no trabalho ou no âmbito social e este fenômeno também atinge os relacionamentos amorosos
Tudo bem, você decidiu que não quer mais ficar sozinho, mas o que fazer? Especialistas dizem que é possível, sim, tomar algumas atitudes para ajudar o cupido. Segundo a psicóloga Gisele, uma dica é estar com a autoestima em dia: "Cuide da sua aparência e não faça o papel de vítima, ninguém gosta de pessoas que ficam apenas se lamentando." Outra dica, do psicólogo Ailton, é: se estiver interessado em alguém em um grupo, seja bem-humorado, gentil e converse sobre vários assuntos. E mais: não vá direto ao assunto: "A descoberta do outro e o romantismo são etapas importantes, que não devem ser queimadas." Outra dica do psicólogo é ser natural: "A sedução baseada num roteiro feito de caras, bocas, gestos e comportamentos ensaiados raramente funciona. A falta de naturalidade é percebida de longe nas situações que envolvem conquista, nas quais se estabelecem "diálogos corporais", cuja interpretação ocorre no inconsciente, sem possibilidade de armações, mentiras e fingimentos", explica. Por fim, os candidatos a "alma gêmea" não devem restringir sua busca apenas à visão idealizada de um parceiro e devem também controlar a ansiedade: "Dê uma chance às pessoas que não se encaixarem no seu ideal de perfeição e, na fase da paquera, evite falar sobre casamento e filhos, pois assim você pode acabar assustando o pretendente".  

Cupido digital
Chat, redes sociais, sites de relacionamento... O cupido definitivamente entrou na era digital, aumentando as chances dos solteiros encontrarem alguém em até 42% (em comparação aos métodos convencionais, segundo pesquisas). Essa é a proposta do site ParPerfeito, que conta com 30 milhões de solteiros cadastrados em todo o Brasil. Os candidatos têm, em média, de 25 a 45 anos, são economicamente ativos e a maioria (38%) tem nível superior. A dor no bolso é pequena, se comparada à do coração. Para encontrar alguém (ou ser encontrado), é preciso pagar R$ 39,99 por mês ou R$ 19,99 por uma assinatura trimestral.  Segundo o presidente do site, Claudio Gandelman, entre as vantagens de conhecer alguém por meio desse serviço, estão a segurança e a praticidade: "É possível conversar bastante com a pessoa pelo site antes de conhecê-la pessoalmente. Além disso, quando você sai para uma festa, balada ou bar, mesmo que tenha cerca de 200 pessoas, você consegue conversar com, no máximo, duas. No ParPerfeito, em alguns momentos chegamos a ter 15 mil usuários online, então a chance de você conhecer alguém que seja compatível com o seu perfil é muito maior', explica.
Priscila e Waldir, um "par perfeito"
Durante o cadastro no site, o candidato preenche um perfil completo que indica suas características físicas, interesses, tipo de relacionamento que procura, hábitos etc. Depois, basta que o usuário procure por alguém com as características desejadas. Segundo Gandelman, uma dica para ser encontrado mais facilmente é inserir uma foto "Sabemos que perfis desse tipo são 15 vezes mais vistos que os outros", explica. O tempo médio para encontrar alguém com esse serviço é de seis meses. "Brinco que o nosso é o único negócio em que queremos que o cliente vá embora", finaliza o presidente.
De olho no mercado eletrônico dos "avulsos" que já cresceu 500% nos últimos dez anos (segundo o Oxford Internet Institute), há seis meses o eHarmony veio disparar suas flechas nos brasileiros. Criado nos EUA, o site já realizou vários casamentos naquele país. O diretor geral da eHarmony no Brasil, Stanlei Bellan, acredita ser possível encontrar um grande amor usando sites que focam em relacionamentos sérios e duradouros: "A internet vem revolucionando as formas como as pessoas se relacionam, seja no trabalho ou no âmbito social e este fenômeno também atinge os relacionamentos amorosos", diz o diretor.
O eHarmony funciona da seguinte maneira: após preencher o cadastro com 400 perguntas, o candidato recebe indicações de perfis compatíveis com sua busca. A quantidade desses perfis varia de acordo com os filtros de preferência e personalidade de cada um. Há pessoas que buscam perfis bem específicos e outras que buscam perfis mais variados. Quando há interesse, o próximo passo é usar o "processo de comunicação passo-a-passo": "Esta ferramenta ajuda os casais em potencial a descobrirem informações importantes sobre si na fase em que estão se conhecendo, de forma segura e estruturada. Este processo permite que os assinantes se comuniquem sem trocar informações pessoais até que se sintam seguros." diz o diretor. O perfil dos candidatos são homens e mulheres de 25 a 45 anos, com  curso superior completo e que transitam entre as classes A e B. Uma das vantagens deste site é que usuários cadastrados no serviço têm acesso gratuito ao seu "estudo de personalidade" e a perfis das pessoas que combinam com eles. Já o acesso a fotos dos perfis e comunicação com pessoas compatíveis são serviços exclusivos para assinantes. Os preços de pacotes da eHarmony variam de R$ 24,95 por mês, no plano anual a R$ 59,95, no plano mensal.
"Eu tinha 43 anos na época e estava saindo de um relacionamento de 18 anos. Da noite para o dia, me deparei com uma vida totalmente diferente, estava solteiro e sozinho e não conseguia mais acompanhar meus amigos, todos casados. Sou uma pessoa caseira, não curto noitadas, bares, baladas e estava totalmente deslocado, até que uma amiga falou do site ParPerfeito. Já havia ouvido falar que era possível encontrar alguém por lá e foi o que fiz. Descobri que o site é verdadeiro e que tem pessoas sérias nele. Quando digo aos outros que conheci a Priscila através do site, existe uma reação positiva e negativa, maior até a negativa. Nós a encaramos, e fomos atacados de todas as maneiras, sentimos essa reação por parte de familiares, amigos e pessoas próximas que nos conheciam. Presenciei várias vezes a Priscila chorando por saber dos comentários. Superamos tudo isso porque o amor sempre vence, e a palavra de Deus nos orientou sempre."

Depoimento de Waldir Francisco Bueno, 47 anos, gestor de negócios que encontrou sua Priscila pelo ParPerfeito há quatro anos.

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