quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

DA AVERSÃO À COMPULSÃO POR COMIDA

São José do Rio Preto, 11 de novembro de 2012      DIÁRIO DA REGIÃO



Baixa autoestima e distorção da
autoimagem estão entre os fatores ligados
à anorexia e bulimia, os dois mais
graves transtornos alimentares. Saiba
como reencontrar-se com seu eu
verdadeiro diante do espelho







Gisele Bortoleto
Gisele.bortoleto@diarioweb.com.br


A preocupação exagerada com o peso corporal, causada muitas vezes pela recomendação médica de que não há vantagens em acumular gordura, pelo contrário, de que devemos ser magros, e a pressão social do padrão de beleza em modelos bonitos e magros têm causado problemas para muita gente. A quantidade de pessoas que lutam para perder peso, fazer dietas e tomar remédios não para de crescer. Essa preocupação exagerada pode provocar distúrbios psiquiátricos graves, cada vez mais frequentes, ligados à distorção da autoimagem.
A pessoa se olha no espelho e vê uma figura obesa que não corresponde à realidade. Não nota a perda de gordura, nem os ossos proeminentes. Iludida por essa falsa imagem, imaginase com excesso de peso e diminui obsessivamente a comida, até que, num dado momento, não consegue mais comer. Como consequência, pode desenvolver problemas graves de saúde que chegam, às vezes, a ser fatais.
Anorexia e bulimia nervosa são os mais comuns dos transtornos alimentares resultantes dessa preocupação exagerada com o peso corporal. São transtornos que se manifestam principalmente em mulheres jovens, embora sua incidência esteja aumentando também entre homens. Não é tão raro os pacientes anoréxicos chegarem a um grau extremo de desnutrição e o índice de mortalidade chega a atingir 15% a 20% dos casos, segundo o Ministério da Saúde. Ambos são transtornos que necessitam de tratamento médico e psicológico.
As causas que geram a anorexia, como também a bulimia, são múltiplas, como por exemplo componente sociais, devido à pressão social que tem a magreza como ideal de beleza, fatores genéticos e fatores psicológicos, como baixa autoestima, autovalor equivocado e autoimagem distorcida.
Tanto uma quanto a outra podem acometer pessoas extremamente perfeccionistas e autoexigentes. “A anorexia e a bulimia não são transtornos recentes, no entanto, a cultura da busca por um corpo ideal, que aconteceu a partir do século 20, fez com que aumentasse muito a recorrência das mesmas”, diz a psicóloga Gisele Lelis Vilela.
Na bulimia, o paciente muitas vezes está no peso ou um pouco acima, mas apresentam também uma distorção da imagem corporal. Apresenta episódios de compulsão perió-dica de comida, ou seja, de ingestão descontrolada de comida em um curto espaço de tempo, sem necessariamente sentir forme. Isso é seguido de um sentimento de culpa e medo de engordar, e posterior tentativa de eliminação do excesso que foi ingerido, através de vômito autoinduzido. 
Nos dois transtornos alimentares, há também o fato de usar laxantes ou diuréticos, além de moderadores de
apetite. “A bulimia nervosa e a anorexia nervosa são os mais conhecidos dos transtornos alimentares, existindo ainda o transtorno do comer compulsivo. A alimentação, nesses casos, torna-se uma válvula de escape para as mais variadas dificuldades emocionais”, explica a psicóloga especialista clínica Sirley Santos Bittu, psicodramatista didata e supervisora pela Federação Brasileira de Psicodrama. O ato de comer, diz ela, está relacionado a uma necessidade física e a uma necessidade emocional. Quando nos alimentamos,
somamos o prazer oral da alimentação à necessidade do organismo de sais minerais, proteínas,  carboidratos, enfim, a toda fonte de energia que precisamos para pensar, agir e amar. Trata-se também de uma necessidade emocional, porque implica em oferecer atenção, cuidado e amor a quem estamos alimentando.
Assistimos a todo o tempo indivíduos utilizando-se da alimentação para preencher espaços vazios em sua vida. Quem não tem uma amiga, um amigo que já não se empanturrou de chocolate ou de qualquer outra guloseima por estar chateado, triste, principalmente após uma briga de amor? Agora imaginemos essa situação ampliada. Encontramos alguém que não consegue elaborar e expressar suas emoções, trocando essa atitude por comer compulsivamente, por exemplo.
Desde o nascimento até a vida adulta, em quase todas as sociedades humanas o aprendizado alimentar é organizado segundo complexas normas que definem o que pode e o que não pode ser comido. Estas práticas estão diretamente relacionadas aos mitos e crenças religiosas, influenciando o comportamento do
indivíduo e sua aceitação social. Desta forma, a comida relaciona-se à questão do poder e do controle sobre si e muitas vezes sobre os outros.
                                         
“A autoavaliação desses pacientes sempre se dá com referências à forma física e ao peso. Devido à distorção da imagem corporal, torna-se bastante complicado o paciente conseguir admitir que está doente, que apresenta um problema. Até porque, muitas vezes, ele acredita que quanto mais magro melhore que, assim, ele será mais aceito socialmente”, complementa Gisele.
O primeiro passo é buscar ajuda especializada. O tratamento é realizado por uma equipe formada por psicólogo, psiquiatra e nutricionista. Mas não é simples.
“Anorexia é uma disfunção classificada pela Organização Mundial da Saúde como transtorno da conduta alimentar ou como transtorno mental e do comportamento. É uma doença psiquiátrica”, diz a psicóloga Mariah Bressani, psicoterapeuta e master coach. É considerada uma doença porque a pessoa tem um desejo patológico de se manter magra e tem um medo intenso (também patológico) de engordar. A pessoa que tem anorexia tem práticas como alimentarse com o mínimo possível de comida, faz exercícios físicos à exaustão, utilizase de medicamentos inibidores de apetite, laxantes e diuréticos sem orientação médica e, em casos extremos, provoca o próprio vômito.
Normalmente, a doença é desencadeada na adolescência, quando a pessoa a começa se preocupar com seu corpo, se é bonito ou atraente. A bulimia também é uma disfunção classificada pela OMS como transtorno da conduta alimentar ou como transtorno mental e do comportamento. E é também uma doença psiquiátrica.




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